quinta-feira, 18 de junho de 2009

“O Estrangeiro” - Estréia no Teatro Leblon

Sucesso de público e crítica agora no Teatro Leblon

Guilherme Leme encena “O Estrangeiro” de Camus com direção inédita de Vera Holtz



Meursault, o personagem de O Estrangeiro, leva uma vida banal; recebe a notícia da morte da mãe, comete um crime, é preso, julgado, tudo gratuitamente, sem sentido, sendo assim mais um homem arrastado pela correnteza da vida e da História. Seu drama pode ser lido como o drama de qualquer pessoa do seu século, que se depara com o Absurdo, ponto central da obra de Camus. Na trama, Meursault não encontra explicação nem consolo para o que acontece em sua trajetória, tudo acontece à sua revelia e nada faz o menor sentido. Ele não acha explicação na fé, religião ou ideologia, não tem onde se amparar. O que pode ser visto como uma vantagem: esse homem é livre, pode se fazer a si mesmo, sua vida está em aberto. Ele se depara, e se angustia, diante da Liberdade e do Absurdo, e quando descobre que essas duas condições são intrínsecas, finalmente encontra a paz. “Além de ser uma narrativa seca das desventuras de Meursault, condenado à morte por matar um árabe, é também uma autobiografia de todo mundo, do homem contemporâneo”, conclui Guilherme Leme.
Ficha Técnica:

Texto: Albert Camus
Adaptação: Morten Kirkskov
Tradução: Liane Lazoski
Direção: Vera Holtz e Guilherme Leme
Interpretação: Guilherme Leme
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenografia: Aurora dos Campos
Trilha e Música Incidental: Marcelo H
Produção: Galharufa Produções

Quinta matinê às 17h
Sexta e sábado às 21h30
Domingo às 20h

MALENTENDIDO - encerra temporada

Mezanino do Espaço Sesc



Uma das peças mais célebres de Albert Camus (ganhador do Prêmio Nobel de literatura), escrita em 1943 durante a Segunda Guerra Mundial.

Depois de viver 20 anos num país estrangeiro um homem volta a seu país de origem à procura de sua identidade. Sua mãe e sua irmã não o reconhecem e em conseqüência de um mal-entendido ele é assassinado.

Texto: Albert Camus
Direção: Marco André Nunes
Co-direção: Pedro Kosovsky

Elenco: Alexandre Dantas, Carolina Virguez, Ludmila Wischansky, Maria Esmeralda Forte e Pedro Farah

Classificação etária: 16 anos

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Pelo Amor de Deus - 2008/09


Don Juan - 2009


Imersão - 2008


6º Festival Intercâmbio de Linguagens - FIL - 2008


O Processo - 2008


Mulher Invisível - 2008


Denise Stoklos - 2007


Cia Sobrevento - 2007


Cia Lume Teatro - temporada carioca - 2007




Anton e Olga - 2007


Tauromaquia - 2006


Quartett - 2006


Incidente em Antares - 2006


A Vida em 4 Tempos - 2006


Na Solidão dos Campos de Algodão - 2005




O Diabo e o bom Deus - 2004


Unha & Carne - 2002




As Lágrimas Amargas de Petra von Kant - 2001


Insensatez - 1999


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Ingrid



A partir da experiência vivida por Ingrid Betancourt em seu cativeiro, o espetáculo propõe uma reflexão sobre o problema do seqüestro em Colômbia, suas seqüelas na sociedade e nos indivíduos privados de liberdade, cujos direitos humanos são violados.
Trata-se de um espetáculo solo que traça um olhar sobre a identidade cultural, o conflito social em Colômbia e América latina, e o papel da mulher no diálogo e na mediação para a busca de soluções pacifistas e transformadoras.

O espetáculo realizou temporadas na cidade do Rio de Janeiro, no Teatro Sérgio Porto e no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasilia


FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: FIDELYS FRAGA
Diretor: MARCO ANDRÉ NUNES
Atriz: CAROLINA VIRGÜEZ
Diretor Musical: DIOGO AHMED
Cenário e Figurinos: MARCELO MARQUES
Iluminador: RENATO MACHADO

Cia Teatro Autônomo

Formada em 1989, a partir da criação do espetáculo Sísifo, a CIA TEATRO AUTÔNOMO vem propondo a realização de um teatro de fronteira, ou seja, a exploração contínua de possibilidades originais para a cena. Tal proposta se baliza pela construção de uma linguagem teatral autônoma, capaz de fazer do teatro um acontecimento específico, em que narrativa e cena sejam indissociadas. Uma das particularidades da CIA TEATRO AUTÔNOMO diz respeito ao o modo de criação de seus trabalhos: é a partir de improvisações – processo de ensaio-erro, onde não falta lugar para o acaso - que o espetáculo em sua totalidade vai-se construindo. Assim aconteceu em Mann na Praia, baseado nos temas centrais da obra de Thomas Mann; Minh´alma é Imortal, sobre as frustradas esperanças humanas; 7x²=y uma parábola que passa pela origem, que abordava a responsabilidade do homem pelo mundo de signos e significações que o rodeia; em A Noite de Todas as Ceias, que trouxe para a cena o teatro do Eu x Outro, vencedor do Prêmio Rio-Teatro/1996. Em 2002, a companhia realizou o estudo cênico uma coisa que não tem nome (e que se perdeu), e o espetáculo Um Bando Chamado Desejo. Em 2004, em comemoração aos quinze anos, a Cia Teatro Autônomo criou o espetáculo deve haver algum sentido em mim que basta - Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte de Melhor Espetáculo em 2005 - e lançou o livro Cia Teatro Autônomo sobre o percurso do trabalho neste tempo. Em 2005, a Cia Teatro Autônomo criou e realizou o espetáculo e agora nada é mais uma coisa só, e em 2008, -nu de mim mesmo.

Cia PeQuod


A Cia PeQuod nasceu de uma oficina de teatro de animação realizada em 1999. Dirigidos por Miguel Vellinho, os participantes se uniram em torno do interesse comum de renovar o panorama do teatro de bonecos no Rio de Janeiro, aproximando esta arte clássica à cultura pop contemporânea e a outras manifestações artísticas, como literatura, música, cinema, dança, fotografia, escultura e quadrinhos. Tudo isso sem jamais perder o caráter artesanal da confecção dos bonecos, figurinos e cenários. A técnica mais utilizada pela PeQuod é a manipulação direta, em que os manipuladores animam os bonecos tocando-os diretamente com as mãos,
sem auxílio de luvas, varetas ou fios. E seu repertório conta com espetáculos para crianças, adolescentes e adultos.
Tamanha sede de renovação não tardou para ser reconhecida. A Cia. PeQuod ganhou o Prêmio Shell em
2005, pela iluminação de Renato Machado, além de ter recebido outras três indicações: Categoria Especial (“pela qualidade de criação e manipulação de bonecos”, naquele mesmo ano), Melhor Direção (Miguel Vellinho, 2007) e Melhor Cenografia (Carlos Alberto Nunes, idem). Nunca antes uma companhia de teatro de animação havia sido indicada para tantas e tão prestigiadas categorias do mais importante prêmio de teatro do Brasil.
No currículo da Cia. PeQuod também consta o Prêmio Maria Clara Machado, na Categoria Especial (2003),
tendo sido indicada também para Melhor Cenografia (Carlos Alberto Nunes) e Iluminação (Renato Machado).
O grupo já participou de renomados projetos de circulação de peças, como SESI Bonecos (2005), Caravana Funarte(2005 e 2006) e Palco Giratório- SESC (2004). Seus espetáculos já foram contemplados pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz (premiação máxima, 2006), Fate (Fundo de Apoio ao Teatro, 2004 e 2007) e Procena (Programa de Apoio a Grupos da Secretaria Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, 2001). Em dezembro de 2006, a crítica de teatro Bárbara Heliodora incluiu a montagem de Peer Gynt da PeQuod em sua lista dos dez melhores espetáculos do ano, em matéria de capa do Segundo Caderno, suplemento cultural do jornal O Globo.

Espetáculos

Sangue Bom - espetáculo de estréia em 1999

A história de um bizarro e tragicômico triângulo amoroso formado por uma jovem com tendências suicidas, um vampiro amargurado pela solidão da vida eterna e um caçador de vampiros. Sem palavras e com humor ferino, o espetáculo fala de paixão e desilusão, misturando referências de desenhos animados, filmes de terror e literatura gótica. A montagem procura reproduzir no palco os efeitos de enquadramento, edição e movimentação de câmera característicos do cinema.


Noite Feliz – Um Auto de Natal – 2001

Recria o Natal em forma de Teatro de Bonecos. Com leveza, graça e algum humor, este espetáculo conta para adultos e crianças o ambiente e a vida na época do Nascimento de Jesus, sem encerrar-se na questão religiosa, falando também dos usos e costumes do povo daquela região do planeta, há dois mil anos atrás. A peça se inicia com o casamento de José e Maria e vai até a fuga da sagrada família para o Egito.



O Velho da Horta – 2002

Esta farsa, escrita em 1512, é protagonizada por um hortelão idoso que se apaixona por uma jovem freguesa. Embora ela não corresponda ao seu amor, o Velho acredita tê-la conquistado, enganado por uma trapaceira que se faz de intermediária do romance, apenas interessada em lhe arrancar algum dinheiro. Vencedor do Prêmio Maria Clara Machado na Categoria Especial – pela excelência da confecção dos bonecos –, o espetáculo foi montado para homenagear os 500 anos da obra de Gil Vicente, primeiro dramaturgo da língua portuguesa.

Filme Noir– 2004

Cantora de um clube de jazz e suspeita de assassinato, Verônica De Vitta acha que está sendo seguida. Desesperada, ela contrata um fracassado detetive particular, com quem se envolve. Ambos estão metidos numa trama cuja natureza eles jamais poderiam supor. Totalmente em preto-e-branco, o espetáculo adapta para o teatro de animação a estética e os clichês do filme noir clássico, mas subvertendo-os. Montagem vencedora do Prêmio Shell de Melhor Iluminação (Renato Machado), indicada também à Categoria Especial pela qualidade de criação e manipulação dos bonecos usados em cena.

Peer Gynt – 2006


A saga de um anti-herói que sempre foi fiel a si próprio – e a mais ninguém . Este clássico de Henrik Ibsen se mostra perfeito para uma montagem em teatro de animação, graças ao seu tom fantástico, personagens não-humanos ( ou mesmo abstratos ), narrativa não-linear e uma grande diversidade de cenários sugeridos. Atores e bonecos contracenam em pé de igualdade, complementando-se de forma incomum . O espetáculo foi indicado ao Prêmio Shell nas categorias de Melhor Direção (Miguel Vellinho) e Melhor Cenário (Carlos Alberto Nunes).


A Chegada de Lampião no Inferno - 2009


Em uma olaria nos confins no Nordeste, artesãos recriam a saga de Lampião, a partir de peças de cerâmica. As tocaias, os enfrentamentos com a polícia, as festas que o cangaceiro promovia são reproduzidos com graça e picardia típicas do homem do sertão nordestino. Com sua morte em Angicos, inicia uma segunda parte, extremamente fantasiosa, em que Lampião chega ao Inferno. Lá ele terá seu duelo mais divertido. Primeiro porque já está morto, segundo porque o adversário é o dono do lugar.


Visite o site: http://www.pequod.com.br/

Cia Os Dezequilibrados



Fundada em 1996, a cia. Os dezequilibrados é um dos grupos teatrais mais representativos do Rio de Janeiro. Com uma linguagem cênica contemporânea e arrojada, a companhia conquistou a crítica especializada e o público carioca, formando uma platéia cativa. Suas peças já receberam diversas indicações a prêmios
e participaram de uma série de turnês e festivais teatrais, circulando pelas regiões sudeste, sul, centro-oeste e nordeste. Dirigido por Ivan Sugahara e integrado pelos atores Ângela Câmara, Cristina Flores, José Karini, Letícia Isnard e Saulo Rodrigues, o grupo caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma séria e elaborada pesquisa de linguagem nas esferas da encenação, da dramaturgia e da atuação.


Espetáculos da cia. Os dezequilibrados


UMA NOITE DE SADE (1998)

Baseado no gênero teatral francês Grand-Guignol e livremente inspirado na vida e obra do Marquês de Sade, o espetáculo marca a estréia d` Os dezequilibrados. A montagem busca resgatar o caráter de happening do Grand-Guignol. O gênero, nascido na passagem do século XIX para o século XX, provocava sensações intensas na platéia, explorando basicamente o medo. O objetivo era criar uma vivência conjunta entre ator e espectador. Mais do que assistir a um espetáculo, o público ia passar uma noitada no teatro.
A figura de Sade veio ao encontro da proposta. No espetáculo, cujo texto foi criado coletivamente pela companhia, o Marquês aparece em um banquete regado a vinho, perversão e filosofia. Logo no início, eram distribuídas frutas e taças de vinho para a platéia, dando o tom ao mesmo tempo festivo e macabro da montagem.
O espetáculo ficou em cartaz no Teatro da Casa da Gávea de julho a setembro de 1998. O espaço era usado como locação, uma vez que a ação da peça se passava em um teatro. A opção por um teatro pequeno reeditava o espírito guignolesco. A proximidade entre ator e espectador possibilitava uma concentração de energia e atenção, criando um ambiente claustrofóbico que favorecia a instalação da tensão e do suspense.


UM QUARTO DE CRIME E CASTIGO (1999)

Adaptado do romance Crime e Castigo de Fiodor Dostoievski, o espetáculo ficou em cartaz no Rio de Janeiro de outubro de 1999 a julho de 2000. O nome Um quarto de Crime e Castigo é uma alusão ao fato da peça representar apenas um pedaço, uma fração do romance, mas também se refere ao fato de se passar praticamente toda dentro de um quarto físico do livro, especificamente o quarto da personagem Sônia, uma prostituta.
Nesse espaço exíguo, o escritor russo promove um encontro entre ela e Raskolnikov, um assassino, e através da relação entre os dois personagens disseca um embate entre razão e fé. Realizando literalmente a proposta da adaptação, o espetáculo teve como peculiaridade o fato de não ter sido apresentado em um teatro mas em uma locação, um quarto de doze metros quadrados situado em um apartamento no bairro da Urca, onde somente oito espectadores por sessão tinham a oportunidade de penetrar a total intimidade dos personagens. Ao final de cada sessão era servido um chá e se estabelecia uma conversa informal entre os espectadores, os atores e o diretor.

BONITINHA, MAS ORDINÁRIA (2001)

Inicialmente prevista para ficar em cartaz por três meses, a montagem do texto de Nelson Rodrigues acabou ficando uma ano em cartaz no Rio de Janeiro. A peça aborda um conflito moral entre materialidade e espiritualidade, imanência e transcendência. Acompanhamos o drama de Edgard dividido entre o amor e um casamento por interesse. Podemos dizer que o texto busca resgatar uma certa humanidade perdida no ‘vale tudo’ da vida contemporânea.
As apresentações eram feitas para 30 espectadores na Casa da Matriz, conhecida casa de festas localizada em Botafogo. O fato de o espetáculo ser realizado de forma itinerante contribuiu para a concretização desta intenção do autor. Ao se aproximar dos atores ao longo do percurso, o público podia penetrar na intimidade de Edgard e se deixar envolver pelo seu drama. Surgia assim a chance do espectador perceber a sua atitude como uma possibilidade de transcender a mesquinharia diária e se aproximar de uma autenticidade humana.
A ação se deslocava por oito cômodos da casa, entre salas, quartos, pistas de dança, bar e até banheiro, assumindo a característica festiva do espaço. Eram distribuídos copos de cerveja, vinho, salgadinhos e máscaras para o público. Na verdade, a montagem transcendia a noção de espetáculo, tendo um caráter de celebração, de evento teatral.

1 (2001)

Peça-instalação apresentada para apenas um espectador por sessão, o espetáculo é uma adaptação do capítulo O Grande Inquisidor do romance Os Irmãos Karamázovi de Fiodor Dostoievski. O autor situa a ação na época da Inquisição e discute o fato do homem não saber ser livre e precisar ser guiado pela Igreja. A montagem fez uma releitura desta condição humana. Podemos dizer que hoje, de alguma forma, o poder da religião foi substituído pela indústria cultural.

O espetáculo buscava dialogar com as instalações plásticas em que o espectador penetra e interage com a obra. Esta característica obriga o espectador a ser fisicamente ativo e a se colocar no espaço, provocando nele um estado de alerta que o retira da passividade da cadeira confortável e segura. Ao se posicionar espacialmente, ele também se vê obrigado a se colocar dentro da ação e passa a vivenciar exposição semelhante à dos atores.

Ao todo, o espectador circulava por quatro ambientes: platéia, sala de TV, camarim e palco, e era brindado com refrigerante, batata frita, massagem e maquiagem. Com apenas quinze minutos de duração, eram realizadas oito sessões por dia.


VIDA O FILME (2002)

A peça aborda a questão da espetacularização da realidade e procura investigar situações onde se pode verificar pontos de interferência direta da ficção nos valores e conceitos da sociedade contemporânea, amplamente afetada pelo crescimento da indústria do entretenimento. Neste sentido - de procurar perceber como a construção de um parâmetro do real, nos dias de hoje, passa, muitas vezes, por uma percepção forjada a partir de conceitos adquiridos na esfera ficcional - a linguagem cinematográfica é matéria essencial na estruturação da dramaturgia e na composição dos personagens. Para tal, a montagem recorre à exibição de vídeos, slides e imagens ao vivo filmadas no local da apresentação.

Livremente inspirada no livro homônimo do jornalista Neal Gabler, a montagem procura evidenciar como os parâmetros estabelecidos pela indústria cultural influenciam nosso comportamento e nossos hábitos. Desta forma, expõe o modo como os filmes e programas de TV muitas vezes determinam não só o que vestimos e comemos, mas também nossa opinião, nosso juízo de valor, nossa sensibilidade, enfim, o modo como vivemos.

(HOW TO PLAY) THE LOVE GAMES (2003)

O espetáculo participou da mostra Nova Dramaturgia Carioca, que procurou congregar novos autores, tentando, assim, criar um panorama da dramaturgia contemporânea produzida no Rio de Janeiro. Na mesma ocasião, a peça foi publicada pela Editora Casa da Palavra.

Um homem dá uma entrevista coletiva perdoando seu próprio assassino. Essa situação, que estrutura a principal ação dramática da peça, é, em alguma medida, baseada no depoimento do criminoso Mark Chapman, assassino de John Lennon, que, ao pedir junto à justiça americana sua liberdade condicional, alegou que seria perdoado pela vítima. Lennon, Chapman, todas as circunstâncias do crime – entre elas, a questão da superexposição aos meios de comunicação e a ambição cega pela celebridade – e o romance Moby Dick, de Herman Melville, servem de material temático para o enredamento da trama do texto, que, essencialmente, busca tratar das obsessões humanas.

Com direção de Tomás Ribas, trata-se do único espetáculo da companhia não dirigido por Ivan Sugahara.

ASSASSINATO EM SÉRIE (2003)


A iniciativa de transpor para o palco o gênero policial surgiu como interesse para a companhia porque possibilitaria uma vertente de continuidade na sua busca de, através da recolocação espacial da cena, resgatar o público de uma recepção passiva e distanciada que a hegemonia do palco italiano moderno parece haver consolidado. Partindo do princípio que, nos romances e filmes de suspense, o espectador é instigado a tomar uma posição interativa diante da obra, procurando desvendá-la, Os dezequilibrados produziram o espetáculo Combinado em que um homicídio é literalmente investigado e solucionado pelo público.

Baseada no conto policial O Crime Quase Perfeito de Roberto Arlt e inspirada nos filmes noir, a peça é um misto de jogo de detetive e jantar. Os espectadores se sentam à mesa com os suspeitos do crime e ouvem seus depoimentos, podendo interrogá-los para chegar à conclusão do caso. Em meio à investigação, um combinado de comida japonesa é degustado por todos.

O êxito da experiência incentivou a companhia a aprofundar essa “investigação”, criando a trilogia Assassinato em Série na qual a peça Combinado figura como a primeira parte. Os mesmos personagens reaparecem nas tramas de Cena do Crime e Outro Combinado, que complementam a trilogia.


DILACERADO (2004)
O ato de perder é um fato consumado na vida. Perde-se o guarda-chuva, o ursinho de pelúcia, o ídolo do rock. Perdem-se as lembranças, o pai, a mãe, o amor, o ideal, o tempo. Perdemos um pouco de nós mesmos a cada dia, a cada nova extirpação. O espetáculo procura falar sobre essa espécie inevitável e tão comum de dor, o ato e o efeito da perda. Mas, fundamentalmente, fala do que fazemos com essa perda, de como lidamos com a ausência, o vazio.
A partir da observação do que a sociedade, de uma forma geral, faz para anestesiar o sentimento de perda, Os dezequilibrados decidiram tratar do dilaceramento que a perda provoca, e ao mesmo tempo, da possibilidade de transformação que ela oferece ao “perdedor”. A peça vai de encontro ao velho conceito de que “felicidade é não sofrer”, e faz uma crítica aos vários mecanismos que a sociedade desenvolve para fugir de qualquer vivência que provoque dor – mecanismos que acabam, mais adiante, comprometendo a continuidade sadia da vida.
Apoiando-se em uma estrutura que correlaciona linguagem documental – utilizando experiências reais dos integrantes da companhia – com cenas ficcionais, a peça procura enfatizar a importância de aprendermos a lidar com a morte de tudo o que nos cerca, incluindo nós mesmos. No espetáculo, o elenco faz depoimentos diretamente dirigidos ao público sobre suas vivências de perda. A força maior da montagem está no próprio ator e sua narrativa - na empatia estabelecida com o público, que compartilha com ele do sentimento de dor.

LADY LÁZARO (2005)

A peça aborda o fato de que a sociedade parece se interessar mais pela vida do artista do que por sua obra. A poetisa Sylvia Plath é um dos exemplos máximos dessa questão. Praticamente desconhecida em vida, seu suicídio aos trinta anos a tornou mundialmente famosa. O espetáculo se baseia em uma poema de Plath - Lady Lazarus, por sua vez espelhado no episódio bíblico da ressurreição de Lázaro. O poema descreve uma mulher que se suicida e renasce. A peça supõe a ressurreição de Sylvia Plath nos dias de hoje, quarenta anos depois do seu suicídio. O público, acomodado em seus lugares, aguarda o início da peça. A dramaturgia brinca com a suposição de que os espectadores iriam assistir a uma encenação tradicional sobre Sylvia Plath. Contudo, a atriz se atrasa para o espetáculo e em virtude disso, é exibido um vídeo para entreter o público enquanto ela não chega. No tom fantástico da montagem, esse vídeo é veiculado como se fosse ao vivo e as imagens captam Sylvia Plath ressuscitando no litoral brasileiro.
Sem entender o que está acontecendo, ela sai da praia e peregrina, atônita, até se deparar com o local da apresentação, que exibe um cartaz do espetáculo Lady Lázaro, inspirado nela mesma. O vídeo acompanha sua trajetória até a porta da sala, quando ela entra no recinto em carne e osso e é abordada pela assistente de direção, que a reconhece. Sylvia descobre então que sua tentativa de suicídio funcionou, que já se passaram mais de quarenta anos e que sua morte se projetou sobre sua obra de maneira indissociável, tendo ficado célebre por conta disso.


ÚLTIMOS REMORSOS ANTES DO ESQUECIMENTO (2007)

O texto do francês Jean-Luc Lagarce era inédito no Brasil e a sua encenação pela cia. Os dezequilibrados é a primeira montagem carioca do escritor, que morreu de Aids em 1995, aos 39 anos. Ainda pouco conhecido no Brasil, Lagarce é o dramaturgo contemporâneo francês mais encenado no mundo e o segundo autor mais montado na França.

A ação passa-se nos nossos dias, no campo, na casa onde no passado viveram Hélène, Paul e Pierre, e onde este último continua a viver. Os três formavam um triângulo amoroso. Acompanhados de Anne, mulher de Paul; Antoine, marido de Hélène; e Lise, filha de Antoine e Hélène; eles reencontram-se após um longo tempo para resolver o problema da casa que haviam comprado juntos anos antes. Esse é o ponto de partida para acertos de contas, mal entendidos, recordações nostálgicas e para encarar o presente. Como é que cada um negociou a passagem difícil das ilusões da juventude para os compromissos da idade adulta? Como se deve partilhar os bens? Como se partilha a herança de um passado morto? O que resta da utopia da juventude?

O texto de Jean-Luc Lagarce impõe rigor e simplicidade para a sua representação. O espetáculo tem como foco o trabalho dos atores e uma relação de intimidade entre a cena e o público. Os principais alicerces da montagem são os elementos teatrais básicos: texto, ator e espectador. O grupo optou por encenar a tradução para português de Portugal no intuito de que o sotaque brasileiro para a palavra portuguesa se configure como um estilo de linguagem que reforça o jogo teatral estabelecido pelo despojamento cenográfico.


Memória Afetiva de um amor esquecido – (2008)

A trama do espetáculo discute a superficialidade e a futilidade das relações deste nosso estranho mundo pós-moderno, no qual as pessoas sentem medo de se envolverem e de sofrerem, buscando apenas o prazer nos relacionamentos, o fugaz, o momentâneo. Um mundo que parece oferecer ao indivíduo a ilusão da segurança do controle sobre o seu destino e do conforto de uma vida sem percalços: emagrecimento instantâneo, transformação estética sem esforço, filhos sem gestação, genética planejada, mudança de sexo, amor via Internet, antidepressivos, prazer imediato, lazer sedentário etc.

O texto conta a história de um jovem (Saulo Rodrigues) que, deprimido por não conseguir suportar o rompimento de uma relação amorosa, procura uma clínica especializada em soluções instantâneas, para apagar da memória sua ex-namorada (Cristina Flores). Conectado a um computador por um médico (José Karini) e sua assistente (Ângela Câmara), ele mergulha em suas fantasias inconscientes.


Visite o site: http://www.osdezequilibrados.com.br/

sábado, 13 de junho de 2009

Cia Dos a Deux

Artur Ribeiro e André Curti se conheceram em 1995, durante um festival em Paris. Em 1997 decidiram começar juntos uma pesquisa teatral e coreográfica, tendo como inspiração o texto Esperando Godot , de Samuel Beckett. Um ano mais tarde, nascia o primeiro trabalho em duo desta colaboração: Dos à Deux, apresentado no Sax, em Achères. A partir de então, eles afirmaram uma identidade artística designada como teatro gestual. Refletindo sobre a maneira como o gesto pode nutrir a teatralidade, os artistas passaram a gerar uma escritura ao mesmo tempo coreográfica e dramática.




Espetáculos



Dos a Deux


O primeiro espetáculo que deu nome a companhia.
Espetáculo de teatro gestual livremente inspirado em « Esperando Godot » de Beckett... Didi et Gogo, inspirar-se para reinventá-los...
Sem nenhuma palavra... ?
É povrável.
Ah! desculpe, PROVÁVEL. Dois homens... duas solidões perdidas na espera...
São dois seres infantis que se abrigam em peles adultas, se protegendo um ao outro, se protegendo um do outro, tentando se divertir para renunciar à realidade.
Eles usam chapéus moles demais para serem honestos. Os pés traçam viagens improvisadas como se fossem camundongos amedrontados. As silhuetas se desenham abrigadas sob um arco de solidão, e se desarticulam em torno de uma fatia de pão. Os olhos escapam do sono do justo. Os corpos os fazem, homem,
irmão, amigo, inimigo, mestre, escravo,... Eles se chocam, se irritam, se embaraçam,se portam, se suportam,... para dar a impressão a impressão de que o tempo passa...

Eles podem tentar de tudo, pegos na armadilha, estão condenados à ficar ali, portanto não há nada à fazer, além de esperar, neste espaço, “ Vasto demais para permitir buscar em vão, suficientemente restrito para
que toda fuga seja vã...”



Aux Pieds de la Lettre
Prêmio de melhor espetáculo nos festivais, KOSOVO in Fest, em Pristina e Mindelact , Cabo Verde


No começo, é como uma expedição em busca de sombras, sonhos, objetos e fragmentos de vida…
Como dizer? Como se conta o que não se exprime com palavras?
Eles são dois. Às margens do vazio, como corpos suspensos. Surgem em um
palco quase nu, com apenas uma mesa de formas burlescas e mágicas…
À margem do mundo exterior, o corpo de um serve à loucura do outro.
Um pé, três pés, cinco mãos, uma cabeça… uma maquinaria física interminável, os corpos se tornam escravos do imaginário.
Um, com seus delírios místicos, obstina-se em escrever uma carta que precisa enviar ao mundo; o outro, vítima de suas obsessões, luta contra a poeira imaginária que suja seus pés e acredita ser o responsável pelo nascer e o pôr-do-sol.
Pequenas loucuras solitárias, delírios, rituais de sobrevivência, manias e digressões ecoam através de uma gestualidade poética.
Oscilando entre tragédia e comédia, eles se amparam aos gestos do cotidiano, com uma musicalidade constantemente renovada e uma incessante invenção teatral.
Aux Pieds de la Lettre é uma criação gestual plena de emoções, que navega entre a ternura e risos inesperados.



Saudade em Terras d’água
Prêmio Adami do público – melhor espetáculo no festival off de Avignon 2005


Embarcar, desviar, provocar, Saudade em Terras d’água revoluciona nossas percepções e nos conduz ao exílio forçado de uma família. Artur Ribeiro e André Curti, conseguem nos transportar para um universo singular, feito de seres humanos e destinos cruzados. Desta vez, eles nos contam a história de uma mãe e seu filho, habitantes isolados no meio de um mar azul-infinito. As personagens vivem uma existência simples, quase arcaica. Um dia, a mãe, preocupada com a continuidade dessa vida, parte em busca de uma mulher para seu filho. A mulher vem de uma outra terra, distante. Os três aprendem a se conhecer e vão construindo seu espaço, apesar de conflitos e confrontos. Aos poucos, uma relação de afeto certamente nascerá entre eles. Nada devia perturbar este equilíbrio conquistado em tempos remotos. Só que, um dia - ou talvez progressivamente, eles já não se lembram mais -, a água que os cercava desaparece, seca. A água se transforma em terra.
Este caos rompe o ritmo original da vida e a família não tem mais como se alimentar. Devem partir, se exilar num outro lugar, onde possam encontrar a fonte da vida. A viagem os conduz para longe de casa, longe de tudo o que constituía o dia-a-dia. A viagem é longa, tem suas regras e armadilhas, e eles terão de enfrentar aquilo que nem podiam imaginar. Vão viver a espera, a esperança, mas também o desespero. Suas vidas, doravante, serão marcadas pela expectativa daquilo que lhes falta. E, quando menos esperam, serão invadidos pela saudade.

Visite o site: http://www.dosadeux.com/

Cia Carroça de Mamulengos

No processo de afirmação da diversidade cultural do Brasil, a redescoberta de nossas mais antigas e profundas tradições populares tem grande importância.
A Companhia Carroça de Mamulengos trabalha há mais de trinta anos pela preservação dos elementos que caracterizam as festas e folguedos brasileiros, apresentando espetáculos elaborados a partir de vivências profundas com mestres e brincantes tradicionais de diversas regiões do país.
A Cia. Carroça de Mamulengos é um grupo familiar que em cena, se reúne para “brincar”. São bonecos gigantes, palhaços, perna de pau, mágicas e canções que nos devolvem a lembrança de um Brasil rico, profundo e alegre. São artistas itinerantes que vivem exclusivamente para sua arte, celebrando a riqueza cultural e a simplicidade do povo brasileiro.





Histórias de Teatro e Circo

O espetáculo “Histórias de Teatro e Circo” é a cristalização de momentos vivenciados pela Família Carroça nos seus 32 anos de resistência cultural.
Os bonecos foram criados a partir do nascimento dos filhos e passados de irmão para irmão. Revela o
crescimento de uma família que surgiu e cresce a cada dia, a cada espetáculo, onde o palco é um espaço natural de se viver.
Em cena burrinha Fumacinha, o bode Pinote, o tamanduá Meleta, o carneirinho Belém, os jaraguás Rosa e Florinda, o dragão Xodó desfilam no picadeiro; Amorosamente Mariama amamenta seu filho Cristino no meio do nascimento de um galinheiro; Dona Felinda, uma velha artista de circo emociona com a história da sua vida; A boneca Miota é montada e desmontada em cena para encanto de todos, palhaços que zombam das dificuldades da vida em um espetáculo trançado por brincadeiras, histórias e canções convidando a platéia a viver um momento onde buscamos celebrar as simplicidades da
vida.
É um espetáculo em constante transformação e aprimoramento com uma linguagem simples em busca de uma arte viva que toque corações de adultos e crianças.

Visite o site:: http://www.carrocademamulengos.com.br/

Cia Amok Teatro




Dirigido pela brasileira Ana Teixeira e pelo francês Stéphane Brodt, o Amok Teatro nasceu no Brasil em 1998.
É do encontro de Etienne Decroux e de Antonin Artaud que a Cia funda a sua teatralidade. É da confrontação de suas teorias e de suas práticas que concentramos as nossas experimentações. Apoiados em diferentes motivações, este dois homens têm em comum: o corpo e a linguagem física como centro do ato teatral, a recusa do teatro comercial e digestivo e a afirmação da cena como um espaço cerimonial.
No que diz respeito às encenações, Stéphane Brodt trouxe para a Cia a metodologia de trabalho de ator desenvolvida por Arianne Mnouchkine no Théatre du Soleil (França), assim como uma forte influência do teatro oriental.
O fato de utilizarmos uma técnica e um método específicos, não nos permite pensar em encenação dissociada do trabalho de formação dos atores. A formação também está ligada ao trabalho sobre si mesmo. Não podemos pensar em vida de companhia sem levar em conta o projeto ético do grupo. A encenação é um campo aberto às experimentações, à pesquisa, ao aperfeiçoamento técnico e a este trabalho sobre si mesmo.
Além de produzir espetáculos, o Amok Teatro também desenvolve uma intensa atividade pedagógica.


Amok: Título de um conto do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942), a palavra Amok é de origem malásia e significa “uma loucura, uma espécie de raiva, de dor humana... uma crise de monomania mortífera e insensata”.


Espetáculos

Cartas de Rodez


É uma seleção de cartas do ator, poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud a seu siquiatra, o doutor Ferdière, durante o período em que esteve internado como louco no manicômio de Rodez, de 1943 a 1946. As cartas são um diálogo desesperado de Artaud com seu médico e, através dele, com toda a sociedade.


O Carrasco

É uma criação do Amok Teatro inspirada no romance homônimo do escritor sueco Pär Lagerkvist. Não se trata de uma adaptação ou de uma transcrição da obra literária para a cena. O romance foi o ponto de partida de um percurso que nos levou a diversos autores até chegarmos a uma peça original inspirada em obras de Pär Lagerkvist, Ingmar Bergman e Jean Genet.
Oscilando de um passado remoto aos tempos atuais, na ambivalência entre o Bem e o Mal, o espetáculo se divide em quatro quadros independentes centrados na presença do Carrasco. Provocado ou exaltado, esse personagem solitário, sobre o qual pesa o sangue dos milênios, é perseguido por seus tormentos. Sua reação é um mergulho na questão central da obra de Lagerkvist: qual o sentido da vida se, quando interrogamos, Deus não responde?


Macbeth

Adaptar e traduzir significa fazer escolhas. Originalmente Macbeth tem cerca de trinta personagens. Para encená-la com sete atores, foi necessário reduzir este número e “revisitar” cenas. Na nossa adaptação, exploramos o texto procurando respeitar a coerência da narração, a evolução dos personagens, o ambiente da peça e a riqueza de sua linguagem.
Conforme a linha de trabalho da companhia, não tivemos como primeira preocupação a “fidelidade ao texto escrito”. Para nós, o texto é uma matéria dinâmica com a qual nos confrontamos, aberto à todas as possibilidades de encenação que um longo processo de trabalho pode trazer. Acreditamos que encenar Shakespeare consiste em, antes de tudo, fazer com que a sua peça viva. Ainda que permanecendo em contato com a experiência do passado, em sala de ensaio, avançamos com a idéia de que, no momento de nos confrontarmos à cena, pensar no autor, analisar suas intenções, a sua época, não nos ajudaria. O texto escrito só pode tomar vida quando se encontra com o ser humano de hoje.


Savina

Este projeto nasceu da vontade de um encontro teatral com o mundo cigano. Um mundo difícil de abordar, marcado por mitos e preconceitos. Procuramos realizar uma viagem poética pele universo da comunidade Rrom, lutando constantemente contra os clichês e o exotismo. O trabalho nos conduziu a Mateo Maximoff, um expoente da cultura romani e um dos raros escritores desta sociedade de tradição oral. Por intermédio de suas histórias, pudemos penetrar na intimidade de seu povo e encontrar o fio condutor de nossa peça. Savina é um drama cigano inspirado no conjunto da obra de Mateo Maximof.
Os ciganos não têm pátria nem fronteira, mas são unidos por uma língua: o romani. Foi com ela, com sua musicalidade e suas nuances, que construímos nossos personagens e nosso espetáculo. Como sempre, em nossas montagens, não tivemos como prioridade uma reconstituição realista e etnográfica. Nossos Rroms, ainda que respeitando suas características fundamentais, pertencem a uma realidade teatral e receberam influencias de ciganos da França, da Índia e do leste europeu.
Esta travessia que fizemos com o povo cigano foi árdua, mas nunca deixou de ser fascinante. Agora é a hora de parar nossas carroças e instalar nossas tendas diante do público. Esperamos poder compartilhar com ele um pouco do fogo que esses nômades acenderam em nós. Conhecer é aceitar a diferença. O teatro tem a vocação de ir ao encontro do outro. É um modo de não deixar que o diálogo e a oralidade se percam.


O Dragão



É uma criação sobre o tema da guerra, a partir de fatos e depoimentos da realidade. A pesquisa inicial nos levou em diversas direções até chegarmos à Jerusalém, no trágico conflito entre israelenses e palestinos. Neste pequeno território, no coração do Oriente Médio, é travada uma guerra que se tornou emblemática de muitas outras.
Foi a partir desta delicada situação que procuramos refletir sobre nossos tempos sombrios. Através do olhar de quatro personagens - dois palestinos e dois israelenses - de suas trágicas histórias e de suas humanidades expostas, abordamos a intimidade da dor infligida pela guerra. Quisemos quebrar a visão distanciada da mídia e da análise dos especialistas, que nos apresentam os fatos, para fazer surgir personagens. Interrogar a realidade, através do que eles vêem e sentem, fazendo ouvir as vozes que pouco escutamos. Uma maneira de experimentar o encontro com o outro que somente o teatro poderia propor. O que está em foco é o homem diante da violência de sua época.

Visite o site: http://www.amokteatro.com.br/

É Samba na veia, é Candeia


Musical sobre Candeia leva o público para o quintal da casa do sambista no ano em que se completam 30 anos de sua morte.

A cena é envolvente. Sentado em mesas e servido de um tradicional feijão amigo, o espectador é transportado para dentro do quintal da casa de Antônio Candeia Filho, popularmente conhecido como Candeia, para participar de uma verdadeira roda de samba e, ao mesmo tempo, ver contada a história do sambista politizado que lutou pela consciência negra e pela preservação das raízes do samba. A concepção cênica criada por André Paes Leme para encenar o musical. A peça de Eduardo Rieche foi a vencedora do Seleção Brasil em Cena 2007, concurso nacional de dramaturgia promovido pelo CCBB.

Em cena, Candeia é vivido por Jorge Maya, no papel de Leonilda, a mulher de Candeia, Patrícia Costa, neta de um dos fundadores da Portela. Os outros 12 atores, em sua maioria recém-saídos das escolas de teatro e selecionados por testes, se dividem em vários papéis e ainda tocam e cantam, acompanhados de 3 instrumentistas.